Efeito Black Mirror nos Negócios | Como evitar?

Podemos atribuir a nossa exaustão mental dentro dos negócios – e até em nossa vida pessoal – ao crescimento das redes sociais. A ideia que foi passada para nós sobre como devemos viver nossa vida, e fazer negócios, dá a impressão que no digital TUDO É POSSÍVEL quando se tem notoriedade nas redes. Basta querer e se esforçar para ser bem sucedida, ter uma vida equilibrada, ir para academia todos os dias, se alimentar bem, viajar e ter relacionamentos amorosos saudáveis. Como se realmente dependesse do esforço pessoal de cada indivíduo para que se atinja o tal “sucesso” e, claro, possa ser exibido para todos através das redes sociais. Assim, gerando validação e popularidade.

No mundo corporativo ou do empreendedorismo isso não é diferente. As empresas, ainda, estão perdendo muito mais tempo direcionando suas vendas apenas para o Instagram do que realmente fazendo negócios com estratégia off-line.

Acontece que essa vida que imita “black Mirror” nos aliena do nosso propósito enquanto marcas e enquanto seres individuais.

Efeito Black Mirror 

Quem não lembra de “Nosedive”, primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror?! Se você ainda não viu, ou não sabe o que é, esse episódio conta sobre uma visão futurista (que nos lembra muito a realidade que vivemos hoje, e para qual estamos caminhando) de como vemos o mundo: através das lentes de algoritmo e importância das pessoas e das coisas pela sua popularidade, medida por números. A protagonista Lacie usa esse aplicativo – que é muito semelhante ao Instagram – onde ela toma suas decisões baseadas na popularidade de cada pessoa que ela se aproxima e luta durante a história toda para manter sua popularidade alta nas redes. Caso uma pessoa baixe sua popularidade, pode perder seu emprego, ficar sem amigos e perder direitos básicos de sobrevivência. Caso mantenha sua popularidade alta, as pessoas conseguem melhores benefícios, como: Comprar um apartamento novo e até conseguir um emprego melhor. O episódio mostra claramente em como devemos dar mais atenção para esses nossos hábitos de consumo das redes sociais para que isso não nos aliene como sociedade e como indivíduos. Onde as relações são superficiais e programadas. Assistindo à Nosedive fica nítido de como pode ser perigoso a realidade que estamos inseridos, mas que insistimos em ignorar. 

O que aconteceria se levássemos como a vida real a vida que fingimos ter no Instagram? Mas o problema é que… isso já está acontecendo.

Empresas ainda estão engessadas na ideia de que ter mais seguidores no Instagram podem dar à ela mais autoridade e, consequentemente, um maior faturamento. Mas isso nem sempre é verdade.

Como crescer nas redes sociais NÃO deve ser a prioridade de uma empresa/marca?

Sem dúvidas sabemos que as redes sociais hoje são fundamentais para a visibilidade de uma marca e que é, sim, um braço importante de uma empresa que visa abranger o seu negócio, acompanhar a tecnologia e as mudanças no comportamento do consumidor. Mas o que está acontecendo agora é que, muitos colaboradores inseridos nessas empresas, relatam que o trabalho com foco total em redes sociais pode causar uma exaustão de produtividade e uma cobrança exagerada sobre aumentar a taxa de engajamento. Gerando assim, uma ansiedade generalizada nos trabalhadores que ficam responsáveis por essa função. Perdendo muito mais tempo com esses processos do digital do que planejando estratégias inteligentes para que o negócio prospere além das redes.

A alienação das redes sociais não afeta apenas o indivíduo comum, mas também as empresas que ficam presas em como a concorrência está conseguindo mais likes e engajamentos em seus posts. Assim, automaticamente, ficam todos trabalhando por esse sistema, enlouquecidos com números de likes e comentários. Por fim, acabamos entrando em um "oceano vermelho", digladiando uns com os outros, ao invés de tornar a concorrência irrelevante e criar novas formas de fazer negócios.
As redes sociais devem ser um reflexo do que acontece na marca na vida real, em tempo real. Criando, assim, confiança do público em provas sociais, como: Os bastidores, os clientes atendidos, os eventos programados e, até, o time por trás de uma campanha que vai para o ar. Assim, dando um ar para a marca de criação de "entretenimento". Marcas com um número expressivo de seguidores nas redes sociais são aquelas que investiram muito em estratégia de posicionamento - primeiramente - fora das redes sociais, durante muitos anos. É muito mais difícil uma marca atingir um número de seguidores superior a um influencer importante, por exemplo. Porque as pessoas se conectam muito mais com pessoas do que com marcas. E as empresas que atingem um número de milhões de seguidores no Instagram, só tem uma forma de ter conquistado isso: um investimento financeiro alto adicionado à uma história consolidada.
Por tanto, o conselho aqui é: Se você não tem investimento o suficiente para tal, invista em estratégia e posicionamento. Assim, isso, em breve, pode ter reflexo nos seus números das redes.

O fim da Era de Ouro das Redes

Segundo fontes do Summer Hunter diz que: Os jovens entre 19 a 25 anos de idade estão começando a dar as costas para grandes plataformas de mídias sociais. Um relatório publicado pelo Dazed Studio indica que estamos em um turning point: as redes sociais estão em declínio. Em grande parte, isso se deve a insatisfação geral dos mais jovens com as plataformas operadas pelas grandes empresas de tecnologia e uma mudança de prioridades.
Apesar do aumento do tempo de tela, a Geração Z representa a única faixa etária que tem reduzido o uso de aplicativos de mídia social. O relatório atribuiu essa tendência, entre outras coisas, uma postura mais crítica sobre como grandes plataformas estão explorando dados de seus usuários. A polarização, instabilidade política e os questionamentos sobre a integridade, a solidez das grandes empresas de tecnologia e o impacto de tanto scroll na saúde mental também pesam nessa balança.
Em um cenário pós pandêmico os jovens estão priorizando o bem-estar pessoal e conexões reais e íntimas.
Sabemos também que a GenZ dita as regras do comportamento do consumidor para o futuro. Então, provavelmente, isso impacta diretamente no comportamento das outras gerações. Aposto que, você que está lendo isso, também se sente nesse lugar de desconexão com a realidade quando passa muito tempo nas redes e vem repensado em como esse hábito impacta diretamente em sua vida.

Como, então, as marcas podem começar a pensar em relação ao futuro?

Já falamos aqui sobre as tendências para o futuro, inclusive sobre a AI. A dica é: invista em comunicar sua marca com relações humanas verdadeiras, usando a tecnologia à seu favor, buscando melhor experiência do seu consumidor, mas não de forma superficial. 
 
Pela tendência de mais profundidade nas relações estarem crescendo – depois de ficarmos tanto tempo dentro de casa com a pandemia, bitolados em rolar o feed – as “antigas” formas de comunicação online estão voltando ao topo, como: Youtube e Blogs. Não é a toa que Podcasts tem crescido (com transmissão pelo Youtube) e os blogs voltaram a ser algo cool e que, paralelamente, também otimiza os processos de técnicas de SEO de marcas.

A Proposta do Movimento Slow no digital

Com planejamento, sem obrigatoriedade de postar todos os dias, fazendo parcerias, eventos e proporcionando experiências no off-line para os consumidores, nos tira da função de "criadores de conteúdo", mas, sim, um propagador de ideias. 
Além disso, o investimento em distribuição de conteúdo através de ferramentas de automação otimiza o seu tempo. Podendo, assim, fazer 1 post e deixar ele rodar por um determinado período. Até que se ganhe tempo para fazer um novo post, e assim por diante.
Além disso, pensar cuidadosamente sobre a mensagem e estratégia de tráfego pagoo, soando menos "motivador" e mais realista, tem a tendência de performar melhor em relação aos novos comportamentos de consumo. 

O Movimento Slow nos Negócios é mais do que importante para uma marca ser sustentável à longo prazo e beneficiar também a saúde mental de seus colaboradores.